Analistas em Luanda apontam que a corrupção continua a prosperar em Angola, mesmo após medidas iniciais marcantes.
O jurista Manuel Cangundo e o analista político Agostinho Sikato afirmam que o sistema judicial permanece ineficiente, produzindo “novos corruptos”, e que os esforços de combate estão estagnados.
FMI: reformas emperradas desde 2022
O Fundo Monetário Internacional, em anexo ao seu último relatório, reconhece que embora o governo de João Lourenço tenha implementado reformas robustas no início do seu mandato, o ímpeto diminuiu desde 2022.
O FMI defende que para avançar é necessário dotar as instituições com maior autonomia, competência técnica e adotar processos digitais públicos, transparentes e participativos.
Julgatos de alta patente retomados
Este mês voltou à pauta o julgamento dos generais Hélder Vieira Dias Júnior (“Kopelipa”) e Leopoldino do Nascimento (“Dino”), figuras notórias no regime anterior.
Eles enfrentam acusações de peculato, fraudes, falsificação de documentos, associação criminosa, abuso de poder, lavagem de dinheiro e tráfico de influência.
Nos autos, surge também o nome do ex-vice‑presidente Manuel Vicente, potencial testemunha da defesa.
Sistema jurídico sob o holofote
O bastonário da Ordem dos Advogados, José Luís Domingos, denunciou que magistrados e advogados corruptos comprometem a imparcialidade das decisões.
Ele clama por uma purificação urgente das instituições judiciais para garantir uma justiça verdadeiramente eficaz.
Conclusão de especialistas
Para Cangundo, o combate à corrupção não se consolidou – ao contrário, novas práticas ilícitas estão sendo incorporadas no aparelho estatal, ampliando a rede de impunidade.
Embora tenha havido avanços no início do mandato do presidente João Lourenço, especialistas e organismos internacionais apontam que Angola precisa reacender seu compromisso com a integridade pública.
Só com maior independência judicial, controle social e digitalização transparente será possível frear o problema enraizado na cultura do Estado.